Medicina Antroposófica

O que é a medicina antroposófica?

A medicina antroposófica é uma forma integrada de medicina proveniente de duas fontes: por um lado, a "medicina científica materialista", com os seus métodos e resultados, por outro, as descobertas da "ciência espiritual". Nenhuma delas deverá ser considerada isoladamente. 

Um indivíduo não é apenas um corpo. Há também que ter em conta o lado psíquico e a personalidade. Os médicos antroposóficos consideram que a existência mental e a física, juntamente com a personalidade do indivíduo, fazem parte de um todo indivisível, em que cada um desses elementos têm a capacidade de se influenciarem mutuamente. Este é um aspecto essencial na medicina antroposófica, tanto no que diz respeito ao diagnóstico como à terapia. 

Não se tratando de uma medicina "alternativa", a medicina antroposófica recorre a todos os benefícios da investigação científica "oficial", acrescentando-lhe aspectos da ciência espiritual. Assim, inclui dimensões como as da linguagem corporal, a história pessoal, o modo de respirar, bem como outros aspectos que contribuem para determinar a personalidade de cada indivíduo. Da mesma maneira que cada pessoa é única, também cada tratamento deverá sê-lo. 

A medicina antroposófica não é predeterminada. Evita a pura rotina. Mesmo se, devido a características específicas, as mesmas manifestações da doença ocorram constantemente, cada doença manifesta-se de forma diferente em cada doente. Por isso, o médico antroposófico pretende obter um retrato das circunstâncias físicas, psicológicas e pessoais que preparam o caminho para que uma determinada doença se manifeste. 

Uma medicina que ignore a dimensão individual de cada pessoa não pode ser uma verdadeira medicina humana.



Rudolf Steiner, criador da Antroposofia
 

Rudolf Steiner (1861-1925), nasceu em Kraljevc, uma vila fronteiriça situada entre a Hungria e a Croácia. Desde pequeno, tomou contacto com o mundo supra sensível e depressa percebeu a dificuldade de explicá-lo nos termos da vida quotidiana. Estas experiências, sob a forma de visões, constituíram, para Steiner, um primeiro confronto entre dois mundos: um sensorial e comum, e outro reservado, apenas seu, que não podia partilhar. 

Depois do bacharelato em Ciências Exactas prosseguiu os estudos em Ciências Técnicas e Naturais no Instituto Superior de Viena. Desde muito jovem que se interessou também por história e filosofia. Em 1890, Steiner muda-se para Weimar, onde fica durante seis anos a trabalhar no Arquivo Goethe. Este encontro com Goethe foi crucial para Steiner pois foi a primeira vez que encontrou alguém que pensava o mundo da mesma forma que ele: como algo vivo. Goethe não havia desenvolvido qualquer metodologia científica mas apenas escrito diversos textos resultantes das suas observações da natureza, textos que serviram a Steiner para a criação de uma fenomenologia. 

No entanto, ao contrário do que se pode imaginar, Steiner não foi um intelectual encerrado numa biblioteca, antes o contrário: homem do seu tempo, frequentava os salões literários da época (é preciso ter presente que estamos no início do século XX, momento particularmente agitado quer social, quer política e artisticamente), dava aulas de História aos operários na Universidade Livre de Berlim e contactava com os vários eventos sociais, culturais e científicos da altura. É neste clima que Emil Molt, dono das fábricas de tabaco Waldorf-Astoria, procura Steiner a fim de aconselhar-se sobre o tipo de apoio que poderia oferecer aos seus operários. Confrontado com esta questão, Steiner sugere a criação de uma escola, dando assim lugar à fundação da primeira escola Waldorf. 

Acontece que, num mundo fortemente vincado pelo "intelectual", continuava a ser difícil para Steiner encontrar pares com quem dialogar sobre a dimensão espiritual do Homem. Começa por encontrá-los na Sociedade Teosófica, da qual passa a fazer parte no papel de Instrutor, consolidando ainda mais o prestígio de que já grangeava na Alemanha. Da Sociedade Teosófica, Steiner acaba por sair e fundar a Sociedade Antroposófica, acompanhado por diversas pessoas que, em conjunto, se entregaram a trabalhos mais práticos, tanto na área do ensino como na medicina, na agricultura e na arquitectura, entre outras. 

Em 1921, de entre os cerca de trinta médicos que assistiram à sua primeira palestra sobre medicina, estava presente Ita Wegman (1876-1943), médica holandesa com quem Steiner veio a desenvolver uma estreita colaboração. Wegman foi a fundadora da primeira clínica antroposófica em Arlesheim, Suíça, e foi também co-autora de Steiner em várias publicações. Steiner escreveu cerca de 70 livros. Das suas conferências, à volta de 6000 estão editadas. 

Para Steiner, a medicina antroposófica não era algo que se opusesse à medicina convencional, constituindo uma alternativa. Pelo contrário, o médico antroposófico usaria, para além do seu próprio conhecimento, os recursos tradicionais existentes, bem como as suas tecnologias, desde que estes trouxessem benefícios aos pacientes. No entanto, Steiner fez notar que estes métodos convencionais eram o resultado de uma ciência redutora e que, quando aplicados à biologia e à medicina, frequentemente ofereciam resultados enganadores. Assim, desenvolveu o seu próprio método científico que usou para explorar de que forma a natureza da alma e do espírito influenciam a vida e o funcionamento do corpo físico.





O que é a homeopatia?

A homeopatia é um sistema de medicina que tem uma abordagem diferente da medicina convencional e/ou alopática às doenças e aos medicamentos. Na abordagem alopática usam-se medicamentos que actuam contra as doenças e os seus sintomas. Na homeopatia, os sintomas de uma doença são vistos como um indicador ou um sinal de que o corpo está a tentar curar-se a si próprio. A homeopatia tenta estimular a capacidade natural que cada corpo tem para curar-se, usando para isso medicamentos homeopáticos que estimulem essa capacidade.




Uma breve história da homeopatia

Desde há 200 anos que a homeopatia se encontra estabelecida. Os homeopatas têm mais de 2000 medicamentos disponíveis, embora hoje em dia a grande maioria das doenças seja tratada apenas com menos de 100 desses medicamentos.

A homeopatia foi desenvolvida com Samuel Hahnemann (1755-1843), embora também se deva a Paracelso, nascido em 1493, que avançou com as primeiras teorias. Motivado pelas dúvidas relativas ao trabalho de outros físicos, Hahnemann decidiu avançar com uma série de experiências, tomando doses de plantas e observando os resultados. Assim, depois de tomar uma dose de determinada planta usada para o tratamento da malária, descobriu que havia desenvolvido sintomas muito similares aos da doença, o que o levou a concluir que a cura para a doença poderia causar os sintomas da doença. Quando experimentou a planta na família, nos amigos e em voluntários, todos eles desenvolveram o mesmo tipo de sintomas. Assim, desenvolveu o princípio que diz que uma substância que crie uma doença na pessoa saudável irá curá-la na pessoa doente. Hahnemann chamou a este princípio «Simila, similibus curentur» ou «o semelhante pelo semelhante se cura».

As suas descobertas foram publicadas em 1810 no livro Materia Medica. Muitas das substâncias usadas por Hahnemann eram altamente venenosas, como por exemplo o arsénico, por isso, para evitar o efeito tóxico, ele experimentava doses cada vez mais pequenas. Através da experimentação descobriu que as diluições sucessivas de uma substância tornam-se, por um lado, progressivamente mais activas na sua dimensão medicinal e, por outro, menos tóxicas.

Assim, Hahnemann desenvolveu o sistema da diluição homeopática onde uma parte do material de partida (geralmente o extracto de uma planta) é diluída com 99 partes de um diluente (água ou álcool). De seguida, a mistura é "dinamizada" ou "potenciada", o que consiste na agitação rítmica do líquido de forma a libertar a energia da substância. Hahnemann descobriu também que ao administrar doses infinitesimais curava dores sem provocar efeitos secundários, conseguindo que a cura resultasse muito melhor do que com doses maiores.